Temos que reconhecer algumas carências nas catequeses dos últimos decênios que, por vezes, não conseguem comunicar a rica herança da doutrina católica sobre o matrimônio como uma instituição natural elevada por Cristo à dignidade de sacramento, a vocação cristã dos cônjuges na sociedade e na Igreja e a prática da castidade conjugal. Este ensinamento reafirmado cada vez mais claramente, pelo magistério pós-conciliar e apresentado de forma completa quer no Catecismo da Igreja Católica quer no Compêndio da Doutrina Social da Igreja, deve readquirir o seu lugar na pregação e no ensinamento catequético.
É necessariamente urgente que a comunidade cristã inteira volte a apreciar a virtude da castidade. A função integrativa e libertadora desta virtude (cf. Catecismo da Igreja Católica , n. 2338-2343) deve ser frisada por uma formação do coração, que apresente a concepção cristã da sexualidade como fonte de liberdade autêntica, de felicidade e de realização da nossa vocação fundamental e inata para o amor. Não se trata de apresentar meramente argumentos, mas de apelar para uma visão humana da sexualidade íntegra, coerente e edificante. A riqueza desta visão é mais sólida e atraente em comparação com as ideologias permissivas exaltadas nalguns âmbitos; estas, de fato, constituem uma forma poderosa e destruidora de contra-catequese para os jovens.
Os jovens precisam conhecer o ensinamento da Igreja na sua integridade, não obstante possa ser desafiador e contra-cultural; ainda mais importante, necessitam vê-lo encarnado por cônjuges fiéis que dão um testemunho convincente da sua verdade. Além disso, devem ser apoiados na sua luta para fazer escolhas sábias num momento de vida difícil e confuso. A castidade, como o Catecismo nos recorda, supõe «uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da liberdade humana» (2339). Numa sociedade que tende cada vez mais a confundir e, até mesmo, a ridicularizar esta dimensão essencial da doutrina cristã, é necessário tranquilizar os jovens sobre a realidade de que «quem faz entrar Cristo nada perde, nada absolutamente nada daquilo que torna a vida livre, bela e grande».
Papa Bento XVI, Discurso (09/03/2012) - excerto.
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