Não podemos perder-nos no ativismo puro, mas devemos deixar-nos penetrar sempre na nossa atividade pela luz da Palavra de Deus e assim aprender a caridade autêntica, o serviço verdadeiro ao outro, que não tem necessidade de muitas coisas — precisa sem dúvida das coisas necessárias — mas carece sobretudo do afeto do nosso coração, da luz de Deus.
Sem a oração quotidiana, vivida com fidelidade, o nosso fazer esvazia-se, perde a alma profunda, reduz-se a um simples ativismo que, no final, nos deixa insatisfeitos. Há uma bonita invocação da tradição cristã, a recitar antes de cada atividade, que reza assim: «Actiones nostras, quæsumus, Domine, aspirando præveni et adiuvando prosequere, ut cuncta nostra oratio et operatio a te semper incipiat, et per te coepta finiatur», ou seja: «Inspirai as nossas ações, Senhor, e acompanhai-as com a vossa ajuda, para que cada nosso falar e agir receba sempre de Vós o seu início e em Vós tenha o seu cumprimento». Cada passo da nossa vida, cada ação, inclusive da Igreja, deve ser feita diante de Deus, à luz da sua Palavra.
Quando a oração é alimentada pela Palavra de Deus, podemos ver a realidade com olhos novos, com os olhos da fé, e o Senhor, que fala à mente e ao coração, infunde nova luz no caminho, em cada momento e em cada situação. Nós acreditamos na força da Palavra de Deus e da oração.
Na relação com Deus, na escuta da sua Palavra, no diálogo com Deus, mesmo quando nos encontramos no silêncio de uma igreja ou do nosso quarto, estamos unidos no Senhor a numerosos irmãos e irmãs na fé, como um conjunto de instrumentos que, apesar da sua individualidade, elevam a Deus uma única grande sinfonia de intercessão, de ação de graças e de louvor.
Excerto da Catequese do Papa Bento XVI - Audiência geral, 25/04/2012.
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