Michael Coren |
Em seu livro Why Catholics Are Right (Por que os católicos estão certos), ele analisa as críticas mais comuns contra a Igreja. Coren, de família laica e filho de pai judeu, tornou-se católico depois dos vinte anos de idade.
Ser judeu o ajudou na carreira, mas, como ele conta na introdução do livro, a fé católica lhe custou a perda de dois postos de trabalho e muitas portas fechadas nos meios de comunicação.
Ele encara depois um tema que preferiria não ter que abordar: o escândalo dos abusos do clero. Reconhece o imenso dano causado a muitas pessoas, mas também sustenta que algumas críticas foram além do que seria justificável.
“Os abusos não dizem nada sobre o catolicismo”, insiste Coren. Os críticos ansiosos por demonstrar que os abusos são vinculados às estruturas ou aos ensinamentos da Igreja ignoram o fato de que também ocorrem abusos em outras igrejas e religiões com a mesma frequência ou até mais.
“Como resultado das lições do escândalo, a Igreja Católica é agora um dos lugares mais seguros para os jovens”, afirma Coren. Esses fatos deveriam levar a uma condenação dos abusos, mas não a uma condenação da Igreja, conclui o escritor.
Outro capítulo se ocupa de acontecimentos históricos como as cruzadas e a inquisição. É verdade que a Igreja nem sempre agiu da melhor maneira, admite ele, mas, em geral, ela sempre esteve eticamente à frente do seu tempo e se manteve como uma força para o bem, argumenta.
As Cruzadas
Coren precisa que a Terra Santa era cristã e, posteriormente, foi invadida pelos muçulmanos. Segundo ele, é um erro considerar as cruzadas como uma espécie de imperialismo ou colonialismo. Ao contrário, muitas famílias nobres foram à bancarrota com os gastos de armar um cavaleiro e mantê-lo com seu séquito nas cruzadas.
Estudos modernos desmentem que a maioria dos cruzados eram filhos de famílias pobres em busca de butim. Pelo contrário, tratava-se normalmente da elite da cavalaria europeia, explica o autor.
Nos territórios conquistados pelas cruzadas, a população muçulmana pôde seguir a vida normal e não houve nenhuma tentativa séria de convertê-la ao cristianismo.
"As cruzadas não foram o momento mais bonito da história cristã, é claro, mas também não foram as caricaturas infantis da consciência pesada ocidental moderna, nem a paranoia contemporânea muçulmana", responde.
Inquisição
Quanto à inquisição, ele afirma que a premissa subjacente é que os católicos são maus e que só a Igreja poderia organizar algo tão horrível como a inquisição. “Isto é simplesmente ridículo”, afirma Coren. Para começar, foram assassinados mais homens e mulheres em poucas semanas da ateia Revolução Francesa do que durante um século de inquisição. Também houve inquisições em vários países protestantes, voltadas principalmente contra os suspeitos de bruxaria.
O objetivo da inquisição era combater os erros doutrinais e as heresias, explica Coren. Existia a tortura, mas aplicada quase sempre pelas autoridades laicas. A inquisição não a usava nem mais nem menos do que o resto dos órgãos judiciais da época, acrescenta.
A maior parte das críticas se concentra na inquisição espanhola. Coren se pergunta por que se prestou tão pouca atenção aos massacres e à tortura realizados contra muitos católicos na Inglaterra de Henrique VIII e da Rainha Elisabete I.
É verdade que os papas apoiaram inicialmente a inquisição espanhola, mas ela se tornou rapidamente um órgão do estado e da monarquia. Depois da derrota final dos muçulmanos na Espanha, um grande número deles e de judeus se converteu ao catolicismo. Muitas conversões foram genuínas, mas, sendo vantajoso política e economicamente dizer-se católico, outras muitas “conversões” não passaram de fachada. A inquisição, então, investigou a autenticidade dos conversos.
Houve abusos, afirma Coren, mas a Espanha não sofreu as sangrentas guerras de religião que afetaram muitos outros países europeus, por exemplo. Segundo ele, a Inquisição passou despercebida até meados do século XIX, quando escritores anticatólicos a utilizaram e distorceram para atacar a Igreja.
Riquezas da Igreja
Outra crítica frequente à Igreja tem a ver com sua riqueza.
É verdade que existe uma grande quantidade de riquezas no Vaticano, em seus museus abertos a todos. A Igreja preservou essas obras de arte durante séculos e as guarda como patrimônio da humanidade, observa o autor.
A possibilidade da venda dessas obras de arte e de dar o dinheiro aos pobres seria apenas um ato isolado, cujos benefícios materiais acabariam rapidamente, sem resolver nada do problema da pobreza no mundo. Já a conservação dos tesouros artísticos para o futuro os mantém à disposição de todos, em vez de encerrá-los em coleções privadas. Além disso, prossegue Coren, a Igreja católica constrói e gerencia hospitais e escolas e toca um número imenso de obras de caridade no mundo inteiro.
Vida e sexualidade
Outro dos capítulos do livro explora os temas da vida e da sexualidade. A Igreja é objeto de ataques constantes por causa da sua postura em temas que vão do aborto aos preservativos e anticoncepcionais.
A postura da Igreja não se baseia apenas em crenças morais, mas também na ciência e nos direitos humanos, defende Coren.
Ele assinala que a afirmação de que existe uma nova vida desde o momento da concepção tem um sólido fundamento biológico. O feto é uma vida humana e como tal deveria ter o direito de existir. Apesar disso, nos últimos anos, os pró-vida foram tachados frequentemente de extremistas fanáticos.
Por outro lado, ainda que a sociedade contemporânea se considere mais progressista e tolerante que qualquer outra do passado, crianças com deficiência são deliberadamente assassinadas no ventre materno.
Quando se trata da postura da Igreja a respeito da utilização para pesquisa de células-tronco embrionárias, isso é utilizado por seus oponentes para acusá-la de ser um obstáculo à cura de enfermidades que poderiam ser vencidas em um futuro próximo.
A verdade é, no entanto, que não houve êxito algum com as células-tronco embrionárias, em contraste com os êxitos obtidos com células-tronco de adultos, algo que a Igreja não se opõe, aponta Coren.
Quanto ao tema dos preservativos e dos anticonceptivos, a Igreja adverte há décadas que sua disponibilidade seria prejudicial para a sociedade. De fato, Coren assinala que, desde a advertência, tem havido um aumento constante das enfermidades de transmissão sexual, do divórcio, das rupturas familiares, e a sexualidade passou a se converter em muitos casos de uma ato de amor para uma mera troca de fluidos corporais.
Difamar a Igreja e Bento XVI por se opor ao uso de preservativos no esforço por controlar a Aids/SIDA é outro caso mais de injustiça, afirma Coren. Confiar no uso de preservativos simplesmente não tem funcionado na África. Pelo contrário, os programas baseados na abstinência e na fidelidade têm tido grande êxito.
O livro de Coren trata muitos outros temas e não desperdiça oportunidades de defender a Igreja contra o que considera de ataques mal informados. Seria uma útil ajuda para quem está interessado em responder aos ataques tão frequentes contra a Igreja.
Referência: http://www.zenit.org/article-28196?l=portuguese
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